Raquel Dodge reitera pedido de Janot para rescindir delação de Joesley Batista e Ricardo Saud
Empresário e executivo do grupo J&F estão presos. Antecessor de Dodge considerou que os dois omitiram informações e pediu ao STF a rescisão do acordo de delação premiada.
Por Renan Ramalho, G1, Brasília - 18/12/2017 18h36.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) reforçando um pedido para rescisão definitiva do acordo de delação premiada firmado entre o órgão, o empresário Joesley Batista, do grupo J&F, e Ricardo Saud, executivo do grupo.
A colaboração foi suspensa em setembro a pedido do antecessor de Dodge, Rodrigo Janot, por suposta omissão e má-fé dos delatores – eles teriam deixado de informar sobre suposta orientação prestada pelo ex-procurador Marcello Miller nas negociações, enquanto ainda integrava o Ministério Público.
A decisão sobre a rescisão definitiva do acordo – que pode enterrar de vez os benefícios que haviam sido concedidos a Joesley e Saud – cabe ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF.
Nesta terça (19), o plenário da Corte deverá discutir um pedido de liberdade apresentado pelos dois, presos desde setembro. Na sessão, os 11 ministros da Corte também poderão discutir a situação da delação.
Manifestação de Dodge
No documento, Raquel Dodge refuta argumentos das defesas de Joesley e Saud para manter os acordos de colaboração – os dois estão presos atualmente.
Os advogados dizem que foram os próprios delatores que entregaram a gravação de uma conversa na qual falam sobre Miller, como complementação à delação premiada.
Além disso, negam má-fé, alegando que contrataram o ex-procurador como advogado – para ajudar no acordo de leniência da JBS – sem saber de qualquer impedimento, já que ele estava de saída do Ministério Público à época, entre abril e maio deste ano.
Dodge diz que esses fatos só chegaram ao conhecimento da PGR no dia 31 de agosto deste ano, quando o áudio da conversa entre Joesley e Saud foi entregue – tratava-se do prazo final para complementar a delação.
Para ela, a colaboração de Miller deveria ter sido informada desde o início das negociações, no começo deste ano.
“Trata-se, portanto, de forte indício, e não mera especulação, a reforçar que os colaboradores agiram movidos pelo intuito de ludibriar o MPF e proteger aliados, em conduta claramente desleal e afrontosa ao pacto que fizeram nos Acordos de Colaboração Premiada e à justiça”, diz Dodge na manifestação enviada ao STF.
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